Quando eu era criança, uma das datas
comemorativas mais esperadas do ano, com certeza, era a Páscoa. Data que eu
podia comer doces à vontade. Bastava começar o mês de abril e todos os
supermercados estavam decorados com ovos de chocolate. Minha mãe nem me deixava
tocar neles, eu apenas passava pelo corredor e ficava ansioso por ter que
esperar o dia certo para poder saborea-los. Na escola, meus amigos comentavam
sobre os ovos que iriam comprar. Tinha uns que vinham com nada dentro, outros
tinham bombons escondido neles, para mim, os melhores eram os com brindes. No
dia que íamos ao mercado para escolher o nosso ovo de Páscoa, era uma sensação
de dar água na boca. Eu e meu irmão demorávamos a escolher aquele que mais nos
agradasse, nossa mãe nos dizia que se não apresássemos, ela iria embora sem
comprar nada. Adorava comprar os que tinham brinquedos de super-heróis, meu
favorito. Nada melhor que comer doce e poder brincar mais tarde.
Sempre levantava cedo da cama quando a
Páscoa chegava. Esperava minha mãe acordar. Como tradição, ela escondia os ovos
pela casa, para que eu e meu irmão os procurássemos. Algo bem divertido para se
fazer logo pela manhã, melhor do que ter que se arrumar para ir para a escola.
Enquanto ela escondia os ovos de Páscoa, ficávamos aguardando em nosso quarto,
esperando o sinal para que pudéssemos procura-los. Caçávamos com a maior
disposição para acha-los. Depois de encontrados, abríamos todos juntos na
cozinha, o ovo de chocolate da nossa mãe era sempre o maior, eles vinham com
bombons dentro. Nossa avó preferia fazer os próprios ovos dela. Eles eram tão
saborosos quanto os comprados nos supermercados. Eu adorava quando a vovó vinha
aqui em casa, na hora de dormir, ela contava fábulas sensacionais e nos explicava
que a Páscoa não era só comer doces, mas que também representava a ressurreição
de Jesus Cristo. Ás vezes nosso tio nos visitava, ele gostava de falar sobre a
ilha de Páscoa e das estátuas Moais que existiam nela. Não compreendia muito
bem, para mim, ilha de Páscoa, era onde moravam os coelhos que faziam os ovos
de chocolate.
Demorei a descobrir que os coelhos não
eram responsáveis pela fabricação dos ovos de chocolate, muito menos as
galinhas, que para mim, fazia mais sentido que os coelhos. Eu sempre adorei a
Páscoa, porque sabia que era a única data que minha mãe me deixava comer doces,
sem ela ter que brigar comigo por estar exagerando no açúcar. Bem, com o tempo
fui percebendo que o que eu mais gostava não era só me deliciar com o
chocolate, nem os brindes que vinham com eles. Uma coisa mais importante estava
comigo em todos esses anos que esse dia tão esperado chegava. Minha família
estava toda reunida, e tenho certeza que sem eles, nem todas as doçuras do
mundo poderiam me satisfazer. Aqueles dias eram especiais para mim. Aproveitava
cada momento que tinha com eles. E a verdadeira Páscoa, não era apenas os ovos
ou os brinquedos, mas sim todo o amor que a minha família significava para mim.
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