Hoje eu vou querer caqui

 

Algumas vezes eu me pergunto, o que é necessário para que possamos amadurecer na vida? Talvez o tempo nos responda essa questão ou uma experiência ruim.

    Eu costumava não ver sentido nesses tipos de reflexões, só pensava em brincar e jogar bola com meus amigos. Ajudava meu pai, Seu Almir, na sua plantação de caqui, depois fazíamos a colheita para vendermos na feira. Era um trabalho cansativo, mas valia apena depois de comer um pastel de queijo na feira. Minha mãe, Fátima, ficava cuidando da casa, sabia fazer um bom queijo como ninguém.

    Sempre gostei de comer frutas, principalmente maça, menos caqui, pois desde criança minha mãe adorava fazer receitas com ele. Confesso que até gostava do suco que ela fazia misturando com gengibre e semente de linhaça, ficava saboroso.

    Bem, naquele tempo eu não sabia, mas sou grato por essa fruta. O dinheiro que conseguíamos era por causa dela. Mas só dei conta disso, quando uma chuva estragou toda a plantação do meu pai, foi a primeira vez que eu o vi chorar. Ele teve um grande prejuízo e acabei saindo da escola particular que eu estudava. Percebi que estávamos sem dinheiro quando vi minha mãe misturando leite com água para durar mais uns dias.

    Hoje eu sei o quanto aquele dia significou para mim. Aprendi a dar mais valor às coisas que temos, das mais luxuosas até as mais simples. Comecei a gostar mais da fruta e conheci mais sobre seu grande valor nutricional. E hoje, em vez de maça, eu vou querer caqui.