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A história da infância e da educação contadas por meio da Arte

Divulgação

Brincadeiras com os amigos, carinho e proteção dos pais e/ou avós, primeiros aprendizados escolares... ao pensarmos em infância, muitos desses momentos nos vêm à mente. Essas experiências, por permitirem o primeiro acesso do indivíduo ao conhecimento, são essenciais, pois vão além de uma mera recordação, já que possuem total influência no desenvolvimento do indivíduo como um todo. Dessa forma, todas as interações construídas nessa primeira fase da vida são essenciais para nortear seu aprimoramento cognitivo.
Da mesma maneira, a escola também possui um papel fundamental na instrução dos pequenos que têm, nesse espaço, a oportunidade de começar a protagonizar seu próprio aprendizado. No entanto, pode-se perguntar: será que a criança sempre foi vista desta maneira? Certamente não! Ao analisarmos a história, é perceptível como, em muitos momentos, seu papel foi minimizado na sociedade. É o que podemos perceber na obra lançada recentemente pela Editora Lumen et Virtus, “Infância e Educação: construção e representação imagética”, de Elizabeth Takeda, com participação especial do pesquisador e especialista em imagens, Prof. Dr. Jack Brandão.
A obra utiliza não só de acontecimentos históricos, como também da arte para mostrar, aos leitores, como os pequenos eram vistos ao longo dos séculos. “Na Antiguidade, por exemplo, a criança não tinha valor para alguns pensadores, pois ela era considerada um ser inferior, cujo desenvolvimento se daria a partir de suas primeiras experiências de vida. A situação não seria muito diferente, por exemplo, na Idade Média, quando se observa que quase não havia representações de crianças nas obras artísticas”, conforme afirma Brandão.
Pinturas e fotografias de diversos períodos são acompanhadas de análises imagéticas que permitem ao leitor compreender melhor como a imagem da infância foi sendo construída desde a Antiguidade. De acordo com o pesquisador, a arte pode ser uma ferramenta essencial para nos auxiliar na compreensão de períodos extemporâneos, pois suas manifestações são influenciadas pelas mudanças de posturas sociais; e, assim, por seu meio, podemos compreender tais períodos. Para isso, segundo Brandão, é necessário que o observador tenha acesso a determinadas chaves sígnicas que lhe permitam analisar as imagens corretamente.
“A obra ‘O burro vai à escola’ de Pieter Bruegel (1556), por exemplo, traz a imagem de um mestre rodeado de estudantes e da presença inusitada de um burro, o qual pode ser interpretado como a representação do não querer aprender. Outro fato que chama a atenção são as pinturas das crianças que se assemelham a adultos em miniaturas, como se pode observar em seus rostos, o que demonstra como a infância não era reconhecida na época”.
Ainda segundo Dr. Jack Brandão, a falta de referenciais imagéticos pode dificultar ou impedir tal compreensão: “Com o advento da fotografia e sua rápida difusão, nós passamos a formar um acervo mental de imagens que eu chamo de iconofotológico. Se não possuirmos as chaves sígnicas para interpretar determinadas imagens, preencheremos os espaços vazios com nosso próprio acervo”. O professor afirma que, dessa forma, pode-se desvirtuar o contexto imagético extemporâneo. No caso da compreensão da infância, por exemplo, Brandão ressalta a relevância de analisar como ela foi vista ao longo da história, como ressaltado no livro, e a sua atual valorização para o desenvolvimento do indivíduo.
“Além disso, quando possuímos determinados referenciais, tendemos a refutar pensamentos clichês e superficiais, os quais não nos permitem aprofundar o âmago de algumas questões”, observa o pesquisador. Um exemplo é a própria Idade Média conhecida, erroneamente, por Idade das Trevas. “É claro que, nesse período, a infância não era devidamente reconhecida, inclusive, adultos e crianças participavam das mesmas atividades sociais. Há de se destacar, porém, avanços que foram ocorrendo lentamente no período, como a construção de um espaço social para as crianças, com destaque para o papel dos monastérios, como precursores dos jardins de infância, destinados a oferecer uma educação integral”.
Diante disso e da forma como o livro convida o público a analisar o processo de construção imagética da infância, são perceptíveis as contribuições de cada período e como eles influenciaram sua valorização e construção atual. “Nenhuma mudança ocorre de um dia para o outro, tudo é resultado de conquistas gradativas e lineares, por isso a relevância de se estudar a infância para se proporem melhorias no desenvolvimento não só da criança, como também do próprio processo educacional atual. Afinal, o aluno do século XXI necessita de novos estímulos diante das intensas mudanças ocorridas na sociedade. O professor precisa estar atento a isso; pois, hoje, seu público mudou e ele não pode se restringir unicamente à lousa. Compreender a história da humanidade o auxiliará a aprimorar tal percepção”.
Dessa maneira, “Infância e Educação: construção e representação imagética”, de Elizabeth Takeda, torna-se uma obra quase essencial para aqueles que querem se aprofundar, ainda mais, no conhecimento da infância e da pedagogia, divido a seu viés imagético. Enfim, conclui o Prof. Jack Brandão, temos diante de nós uma obra que retrata, de maneira ímpar, como se deu não apenas o processo de construção da infância, mas também o da própria pedagogia. “Ambas andaram quase concomitantes, fruto do discernimento e da luta de algumas mentes brilhantes que enxergaram, nesta fase da vida humana, um momento ímpar que merecia tratamento e cuidado adequados”.
Sobre o Prof. Dr. Jack Brandão:
Doutor em Literatura pela Universidade de São Paulo (USP). Coordenador do Centro de Estudos Imagéticos CONDES-FOTÓS Imago Lab. Professor do programa de Mestrado em Ciências Humanas da UNISA. Pesquisador sobre a questão imagética em diversos níveis, como nas artes pictográficas, escultóricas e fotográficas. Autor de diversos artigos e livros sobre o tema no Brasil e no exterior. 
Mais informações sobre o livro:

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